quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Céu e o Ninho


















O Céu e o Ninho


És ao mesmo tempo o céu e o ninho.

Meu belo amigo, aqui no ninho,

o teu amor prende a alma

com mil cores,

cores e músicas.



Chega a manhã,

trazendo na mão a cesta de oiro,

com a grinalda da formosura,

para coroar a terra em silêncio!



Chega a noite pelas veredas não andadas

dos prados solitários,

já abandonados pelos rebanhos!

Traz, na sua bilha de oiro,

a fresca bebida da paz,

recolhida

no mar ocidental do descanso.



Mas onde o céu infinito se abre,

para que a alma possa voar,

reina a branca claridade imaculada.

Ali não há dia nem noite,

nem forma, nem cor,

nem sequer nunca, nunca,

uma palavra!



Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"

Tradução de Manuel Simões

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