segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Natália Fera *




Por que Deus permite
Que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora
Luz que não apaga
Quando sopra o vento
E chuva desaba
Veludo escondido
Na pele enrugada
Água pura, ar puro
Puro pensamento
Morrer acontece
Com o que é breve e passa
Sem deixar vestígio
Mãe, na sua graça
É eternidade
Por que Deus se lembra
- Mistério profundo -
De tirá-la um dia?
Fosse eu rei do mundo
Baixava uma lei:
Mãe não morre nunca
Mãe ficará sempre
Junto de seu filho
E ele, velho embora
Será pequenino
Feito grão de milho

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

Natália Fera disse...

Beijinhos Lina e obrigada por tudo.
Quem dera que houvesse hora de visita no Céu.

Lina Querubim disse...

Também gostava...beijinho

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